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Borracha, ferro, suor e sangue: Conheça a História de como Porto Velho começou

A capital completa 105 anos nesta quarta-feira (2). O G1 entrevistou historiadores para relembrar a história local.

Porto Velho completa 105 anos de “criação” neste 2 de outubro de 2019. A história da cidade é quase sempre contada a partir da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, mas outro ponto de partida pode ser traçado: 40 léguas* acima da cidade de Santo Antônio, onde existia o núcleo de povoamento São João Batista do Crato.

Segundo o historiador Dante Fonseca, a comunidade de Crato foi criada em 1798 para dar apoio aos viajantes durante as expedições de navegação no Rio Madeira. As pesquisas do historiador apontam que em 1866 quase 6 mil pessoas moravam no distrito de Crato.

Já Santo Antônio surgiu devido a produção extrativista da borracha que gerou crescimento na navegação. Com o passar do tempo, por causa da maior comodidade, ela virou favorita no roteiro de viagens pelo Rio Madeira, no lugar de Crato.

Ainda de acordo com Dante, em Santo Antônio foram construídos galpões para guardar as mercadorias. Além disso foi criado um comércio para equipar as tripulações de embarcações durante a espera pelas cargas que subiam e desciam o Madeira.

O monumento tombado que resiste até hoje é a Capela de Santo Antônio de Pádua, a primeira construída no estado de Rondônia e se diferencia de uma igreja por não possuir pia batismal.

Porto Velho

Quando a última tentativa de construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré começou, em 1907, Porto Velho surgiu como novo núcleo de povoamento.

Crato deu lugar a Santo Antônio, e esse deu lugar a Porto Velho – criado oficialmente como município em 2 de outubro de 1914.

Cidade construída também a partir da lenda do Eldorado, ela é indígena, boliviana, inglesa, africana, norte-americana, grega, peruana, libanesa, caribenha muitas outras.

Tudo começou a partir do desejo de transportar o líquido branco que saia das seringueiras. O interesse e o capital estrangeiro perceberam que seria mais fácil levar a borracha sob o ferro do que pela natureza selvagem dos trechos encachoeirados.

Porém o trabalho internacional não foi suficiente para vencer a floresta, como mostram as duas primeiras tentativas de construção da EFMM.

Na primeira, em 1872, a Public Works que não conhecia o território, nem a fauna e flora, por isso perdeu para a natureza. O placar ficou 2 a 0 quando a empresa P.&T. Collins, contratada pelo coronel Church, foi encarregada da segunda tentativa de construção da ferrovia. Dessa vez, principalmente, as revoltas dos trabalhadores provocadas pela falta de pagamento levou o empreendimento ao fracasso.

Somente em 1907 a terceira tentativa acontece. O responsável pela execução foi Percival Farquhar, um engenheiro norte-americano que trabalhava para a Madeira-Mamoré Railway CO.

Com maior experiência técnica do local e com estratégia a ferrovia foi aos poucos, dormente por dormente, fazendo Porto Velho surgir.

“Porto Velho foi nascendo, assim, estrangeira, alienígena, no dizer de alguns, por conter em seu território um número significativo de trabalhadores estrangeiros e por tentar impor uma nova ordem à selva e a seus habitantes. A cidade que aos poucos ia se esboçando tentou abandonar de imediato todos os símbolos impeditivos ao projeto de construção da ferrovia. Um exemplo claro é o fato de Porto Velho nascer à beira do rio, porém de costas para ele”, explica a historiadora Mara Centeno.

Não há registros oficiais precisos sobre a quantidade de pessoas que morreram durante a construção da Ferrovia do Diabo, há quem acredite que cada dormente representa um trabalhador morto na estrada. Mas é certo que os cemitérios de Porto Velho também ajudam a contar essa história.

Fonte: G1.Globo

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